
“Assim, o Metaverso autêntico será um espaço compartilhado e colaborativo, apoiado por uma estrutura descentralizada. Estamos testemunhando a construção do mundo enquanto isso acontece. As regras antigas não se aplicam." – Sam Hamilton, Head de comunidade – Decentraland Foundation
Sempre digo que antes de falar sobre Metaverso, temos de nos despir de aprendizados, percepção, experiências anteriores, verdades inquestionáveis. Nesse novo espaço, que ainda está em construção, tudo está para ser experimentado, testado e aprendido. Como o querido Silvio Meira diz, “estamos vivendo o Metaverso discado”. Isso quer dizer que estamos no início, quando novas tecnologias que levarão a experiência imersiva prometida ainda estão em desenvolvimento. Porém esse momento – o da construção – é uma oportunidade única para testar e aprender, com custos mais baixos e sair na frente da concorrência quando o momento pleno chegar.

Mas do que estamos falando? Isso ai gera negócio ou só hype?
As grandes instituições do mercado projetam valores extremamente significativos:
JPMorgan estimou oportunidade de mercado anual de US$ 1 trilhão
Goldman Sachs vê o metaverso como uma oportunidade de US$ 8 trilhões
Morgan Stanley estima potencial para gerar US$ 8,3 trilhões de gastos totais do consumidor somente nos Estados Unidos,
Qualquer que seja a fonte, todos são uníssonos em reiterar a positividade com relação as possibilidades desse novo espaço e como marcas podem alavancar negócios de maneira significativa. Este ano, 3 bilhões de gamers estarão ativos na indústria dos games, sendo que muitos gastam dinheiro real em bens virtuais – e a economia criada dentro dessa evolução do mundo dos jogos já é um mercado de US$ 175 bilhões.
Ah..., mas no Brasil essa tendência demorará a chegar...
Se você pensa dessa maneira, achando que o Brasil está fora desse jogo, coloco abaixo alguns fatos que podem mudar sua visão:
- Hoje, 6% dos brasileiros transitam em alguma versão de Metaverso (Kantar Ibope)
- Em 2026, 25% da população brasileira fará negócios, comprando e/ou se relacionando no Metaverso (Gartner)
- Instituto Ipsos aponta que os brasileiros estão mais otimistas com as possibilidades proporcionadas pelo Metaverso do que a população de outros países. A pesquisa diz que 60% das pessoas no país veem a tecnologia de realidade aumentada e virtual como uma coisa positiva. O número fica acima da média global, fixada em 50%. China, Índia e Peru são os locais que mais se empolgam com essas tecnologias.
No metaverso só existem ações de marcas Fashion – Verdade ou mito??
Se você respondeu “Verdade”, errou! Fidelity Investments, JPMorgan Chase e American Express já estão experimentando o metaverso com várias e diversas ações. Isso sem contar o Siam Commerial Bank (Tailândia), a Polícia dos Emirados Árabes, Miller Lite e até mesmo a Jose Cuervo, que acaba de lançar sua destilaria no Decentraland.
Mas será que existe espaço para Fintechs?
No ano passado um dólar em cada cinco investidos em ideias inovadoras foi para algum tipo de fintech. Catalisado por um rio de capital de investidores, canais digitais mais baratos e onipresentes (como a adoção de smartphones) e expectativas cada vez maiores dos clientes por serviços financeiros sem atrito em todos os setores, podemos argumentar que estamos vivendo a mudança secular mais rápida e profunda da Humanidade nos últimos tempos - a adoção da tecnologia emergente de serviços financeiros na história.
O Metaverso pode reconectar o setor de serviços financeiros de forma imersiva e diferenciada.
Como uma construção, o Metaverso procura ser um mundo digital interoperável onde as pessoas estão conversando, ganhando e gastando e, mais importante, mesclando ativos reais e virtuais. Sua mera existência exige um novo pensamento sobre como proteger nossa identidade, realizar transações e possuir ativos. Por meio de seu foco na interoperabilidade, a Web3 e o metaverso podem muito bem reconectar um setor de serviços financeiros que ainda luta com os aspectos de aumento de inclusão em torno de seu núcleo base, porém agora em um ambiente online imersivo.
Blockchain é uma tecnologia que sustentará nosso mundo imersivo emergente, embora tenha sido considerada por alguns como a pedra angular do futuro dos serviços financeiros.

Como Michael Peltz, editor da revista Institucional Investor escreveu em 2015: “A beleza da tecnologia blockchain é o fato de que você pode fazer uma transação que é firmada imediatamente e em dez minutos toda a rede é atualizada”. Ao contrário de tudo que conhecíamos até então, a tecnologia blockchain fornece a confirmação imutável, quase em tempo real, da propriedade de ativos ou identidade, que é fundamental para um Metaverso funcional, ilimitado, mas integrado.
O dinheiro programável terá um papel central semelhante no Metaverso, assim como as construções regulatórias e legais que definem (ou não) os novos padrões de proteção ao consumidor. À medida que o Metaverso cruza fronteiras e se envolve em transações financeiras tradicionais fora do mundo digital - como hipotecas a integração de moedas que geram confiança, aceitação e estabilidade são fundamentais.
É um desafio prever como será o futuro das finanças e do mundo do dinheiro e do consumo, mas uma coisa é clara; não será o mesmo de hoje. E o papel das fintechs e novas tecnologias é nos levar a um novo futuro digital, de uma forma ou de outra.

Valéria Carrete, Revenue Officer da R2U e Metaverse Officer da Converge, além de uma grande curiosa sobre esse novo momento da humanidade chamado Metaverso.